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No mês de outubro, a Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde adere à campanha Outubro Rosa e destaca alguns artigos que foram publicados sobre Câncer de Mama.
O primeiro artigo “O uso de plantas medicinais por mulheres com diagnóstico de câncer de mama em um programa de reabilitação” teve como objetivo analisar as principais variáveis que influenciam o uso de plantas medicinais em mulheres com diagnóstico de câncer de mama. O estudo foi realizado no Ambulatório Ylza Bianco do Hospital Santa Rita de Cássia no município de Vitória/ES, e contou com uma amostra composta por 100 mulheres, que utilizavam plantas medicinais, participantes do Programa de Reabilitação para Mulheres Mastectomizadas (Premma).
No estudo, mais de 90% das mulheres relataram fazer uso de chá ou remédio de planta medicinal, e quase 60% não informaram para o médico responsável pelo seu tratamento que utilizavam fitoterápicos, embora mais de 80% consumissem medicamentos alopáticos com regularidade.
No estudo foi constatado o perfil das mulheres que utilizaram planta medicinal: elas possuem faixa etária entre 50 e 59 anos, são católicas, casadas, mães, donas de casa, possuem ensino fundamental incompleto e renda pessoal até um salário-mínimo. Essas mulheres utilizam as plantas medicinais na forma de chás preparados em infusões, pelo menos uma vez por dia, com finalidade “calmante” ou “anticâncer”. E boa parte tem as plantas nos quintais de suas casas. O aprendizado sobre o uso dessas plantas foi adquirido principalmente, por meio de tradições familiares, e a grande maioria desconhece a existência de contraindicações ou efeitos colaterais da erva-cidreira, do boldo, da babosa, do capim-cidreira, da hortelã, da erva-doce, da tanchagem, da arnica, do algodão e da graviola.
Os autores ao concluírem o estudo, recomendam a utilização de ferramentas educacionais, trabalhadas de modo dialógico, para difundir e ampliar o conhecimento das mulheres sobre o uso de plantas medicinais.
Já o artigo “Repercussão do diagnóstico do câncer de mama no contexto familiar” traz para a discussão o impacto para a família, no momento de receber, enfrentar e vivenciar a doença.
O estudo foi realizado com cinco famílias de pacientes, atendidas na Faculdade de Medicina de Botucatu, no ambulatório de Mastologia do Hospital das Clínicas. Os relatos ouvidos mostraram que o diagnóstico de câncer de mama repercute na família em todos os momentos do processo de adoecimento, sendo relembrado e permeado por dificuldades. Inicia-se com o momento em que é divulgado, e os demais momentos estão associados ao início do tratamento, quer seja cirúrgico, ou não, bem como às complicações terapêuticas.
De acordo com os autores, o diagnóstico de câncer de mama representa para a família uma ocorrência de forma inesperada com dificuldades na aceitação, e desperta sentimento de impotência, ansiedade e inconformismo.
“Compreender a repercussão do diagnóstico do câncer de mama no contexto familiar possibilita ao profissional de saúde um aporte teórico das vivências e viabiliza, assim, oferecer suporte adequado e auxiliar no enfrentamento da doença, por meio de esclarecer dúvidas e inquietações que possam vir a aparecer”, concluem os autores.
Outro estudo realizado no ambulatório Ylza Bianco, em Vitória/ES, examina a relação entre as modalidades de enfrentamento e as variáveis clínicas de mulheres com diagnóstico de câncer de mama em uso de tamoxifeno. No artigo “A relação entre as modalidades de enfrentamento e as variáveis clínicas de mulheres com diagnóstico de câncer de mama em uso de tamoxifeno”, a população do estudo é composta por mulheres em hormonioterapia com tamoxifeno, com diagnóstico de câncer de mama e atendidas no ambulatório. A hormonioterapia é uma terapia hormonal e é frequentemente utilizada após a cirurgia, como terapia adjuvante, para ajudar a reduzir o risco da recidiva da doença.
Nesse estudo, foram ouvidas 270 mulheres, e os autores constataram que o tipo de tratamento realizado, os efeitos colaterais quanto ao uso do tamoxifeno e o estadiamento influenciam o tipo de estratégia de enfrentamento utilizada, uma vez que mulheres em uso de tamoxifeno que não apresentaram efeitos colaterais vivenciam mais a busca pelas práticas religiosas, enquanto a maior utilização do foco no problema ocorreu entre as mulheres que foram submetidas apenas à cirurgia e diagnosticadas em estádio I.
Os autores defendem que “a estratégia de enfrentamento com foco no problema demonstra uma maior aproximação e aceitação do problema, indicando que a mulher vem apresentando uma postura de busca pela saúde e aproximação do agente estressor”.
Para acessar os artigos na íntegra, acesse a página da RBPS, no endereço http://periodicos.ufes.br/
A RBPS é uma publicação do Centro de é uma publicação do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo e destina-se à publicação trimestral de manuscritos científicos, incluindo editoriais, artigos originais, artigos de revisão sistemática e relatos de casos, referentes a assuntos e estudos de interesse técnico- científico nas áreas das Ciências da Saúde.
Referências dos artigos:
DELL’ ANTONIO, L. R. et. al. O uso de plantas medicinais por mulheres com diagnóstico de câncer de mama em um programa de reabilitação. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde, Vitória, v. 17, n. 4, 2015. Disponível em: http://periodicos.ufes.br/RBPS/article/view/14335/10079 . Acesso em: 10 out. 2017.
FERREIRA, M. L. S. M; DUPAS, G. Repercussão do diagnóstico do câncer de mama no contexto familiar. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde, Vitória, v. 18, n. 4, 2016. Disponível em: <http://periodicos.ufes.br/RBPS/article/view/16735/11566> Acesso em: 10 out. 2017.
LEITE, F. M. C; AMORIM, M. H. C. A relação entre as modalidades de enfrentamento e as variáveis clínicas de mulheres com diagnóstico de câncer de mama em uso de tamoxifeno. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde, Vitória, v. 11 n. 4, 2009. Disponível em: http://periodicos.ufes.br/RBPS/article/view/356/267 Acesso em: 10 out. 2017.
Publicado em 16/10/2017, por Michele Nacif e Iury Demuner