Pesquisa revela desigualdade no acesso aos serviços públicos de saúde

fila de espera em uma unidade básica de saúde (SUS).

O acesso a serviços públicos de saúde é um dos grandes problemas enfrentados pela população brasileira desde a criação do SUS, em 1988

Pesquisa realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Ufes (PPGSC) entrevistou 1.107 mulheres com dezoito anos ou mais, residentes do município de Vitória (ES), de janeiro a maio de 2022, para entender como elas são afetadas por essa dificuldade. Foram consideradas as influências dos contextos raciais, econômicos e escolares. 

Das 1.107 entrevistadas, 64,4% perceberam que precisavam ser atendidas por um clínico geral. Apesar disso, a falta de acesso foi observada 11 vezes mais entre mulheres pretas e pardas, com níveis de renda menores e sem plano de saúde, do que quando comparadas às outras. 

Diante disso, a dissertação concluiu que quanto mais essas categorias se encontram, maior tendência a cidadã possui de não conseguir acesso pleno aos serviços de saúde disponibilizados pelo SUS. De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, 61,9% das mulheres avaliaram seu estado de saúde como bom ou muito bom, enquanto entre os homens o percentual foi de 69,6%. Já as mulheres pretas e pardas foram as que tiveram resultados mais baixos: somente 57,8% avaliaram seus estados de saúde como bom ou muito bom.

Os números encontrados reforçam as conclusões encontradas pela pesquisa do PPGSC. Há uma grande necessidade de mais investimentos na área da saúde pública para que os serviços essenciais cheguem a todos os cidadãos. Considerar as vulnerabilidades e complexidades que envolvem a realidade dessas mulheres é de extrema importância para assegurar políticas igualitárias que buscam promover o acesso à saúde. 

O estudo destaca algumas propostas de curto prazo que o poder público poderia adotar para amenizar o cenário de desigualdade encontrado na rede pública de saúde. Em primeiro lugar, é fundamental aumentar o vínculo do usuário com o serviço, fiscalizando a frequência das visitas dos agentes de saúde. Além disso, uma busca do nível de satisfação do usuário é também muito importante para a aproximação entre o paciente e o serviço. 

Outra proposta apontada é a ampliação dos horários de funcionamento das unidades básicas de saúde, já que poucas ficam abertas fora do horário comercial. Muitas mulheres trabalham durante o dia, justo no  horário que a unidade funciona. Para as que trabalham informalmente a situação é ainda pior, já que não poderiam deixar de trabalhar para uma consulta. 

A pesquisa também mostrou que, muitas vezes, a mulher desiste de procurar pelo serviço por alguma dificuldade de transporte. A superação desses obstáculos e a implementação das medidas sugeridas pelo estudo formam o caminho para o fortalecimento de um sistema de saúde público acessível, equitativo, integral e resolutivo.

Estudo realizado por: JOSSIANE TEIXEIRA DE OLIVEIRA

Orientadora: CAROLINA DUTRA DEGLI ESPOSTI

Detalhes da pesquisa: Saúde Coletiva (ufes.br)

Tags: 
Acesso à informação
Transparência Pública

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Marechal Campos, 1468 - Bonfim, Vitória - ES | CEP 29047-105