Pesquisa da Ufes sobre enfrentamento da tuberculose entre migrantes internacionais e refugiados no Brasil recebe menção honrosa no prêmio Capes de Tese 2023

A pesquisa, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC), identificou os fatores associados à tuberculose - infecção transmissível que afeta prioritariamente os pulmões - entre os migrantes internacionais residentes em quatro capitais brasileiras.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) atua na expansão e consolidação da Pós-graduação stricto sensu em todos os estados brasileiros e premia anualmente pesquisas de relevância em diversas áreas de conhecimento feitas no país. A pesquisadora responsável, Sonia Vivian de Jezus, teve como orientadora de seu estudo a professora e epidemiologista Ethel Maciel que, atualmente, está atuando na Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.

O estudo foi realizado em 2020 nas capitais Boa Vista (RR), Manaus (AM), São Paulo (SP) e Curitiba (PR) e revelou que os maiores casos de tuberculose acontecem entre migrantes internacionais, sendo 46,1% em Manaus, 33,3% em São Paulo, 28,1% em Curitiba e 23,5% em Boa Vista. Tas cidades foram escolhidas porque receberam um elevado contingente de migrantes internacionais no Brasil.

Segundo a pesquisadora, esses dados revelam que tais grupos, quando em situação de vulnerabilidade social, passam a conviver com o alto risco de infecção pela doença. Isso se deve, principalmente, à exposição a condições de moradia e saúde precárias, a muitas aglomerações, ao enfrentamento de dificuldades no acesso aos serviços públicos de saúde no Brasil e a barreira do idioma. A pesquisa também ressaltou a importância do treinamento de profissionais de saúde para atender a essa população de forma sensível e eficaz.

O estudo também analisou o Plano de Ação Local de Manaus, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (SEMSA). A medida visa promover o acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) a indígenas venezuelanos da etnia Warao na cidade. Assim, sua implementação, suas experiências e seus impactos na perspectiva dos profissionais de saúde e dos próprios migrantes também foram alvos do estudo.

A análise mostrou que o Plano de Ação Local obteve resultados positivos ao melhorar o acesso ao sistema de saúde para os indígenas venezuelanos da etnia Warao em Manaus. As condições de saúde do grupo e sua integração aos principais serviços públicos da cidade, inclusive àqueles relacionados a benefícios sociais, melhoraram significativamente. Os resultados foram percebidos tanto pelos profissionais de saúde quanto pelos próprios migrantes, demonstrando ser possível manter esse Plano de Ação para melhorar a saúde desses grupos vulneráveis.

A pesquisadora também explicou que, por ter sido capaz de enfrentar todos esses desafios e promover o bem-estar e a prevenção de doenças, o Plano de Ação foi bem aceito pela população. Devido a este sucesso, ele foi estendido a todos os venezuelanos que chegam e se instalam nas ruas de Manaus.

Este estudo colabora para que mudanças visando o aprimoramento dos processos associados aos problemas de saúde aconteçam, a partir de políticas de saúde pública. Os resultados destacam a real necessidade de se implementar medidas para enfrentar a tuberculose entre migrantes internacionais e refugiados, visando a redução das desigualdades de saúde e o acesso equitativo ao sistema de saúde.

 

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